Grafite Abstração

"Inspiração da aula de Introdução aos Estudos da Linguagem"

O grafite mancha, desmancha, imanta, esquenta, conduz (Óh! Ametal indutivo elétrico!), rima, risca e é riscado, marca e é marcado, escreve e é escrito, como tal texto excepcionalmente metalinguístico, e por também falar da ferramenta com que foi escrito metaferramentalinguístico (o grafite também é neologismo), veio provar! O grafite faz viajar, é maconha, narcótico popular natural negro e pulverizável, amadeirado quando lápis e mascado quando nervoso. O grafite é macumba, é sangue de galinha molhando colcha de retalhos de garota melindrosa, sexo suado, é intenso e não faz sentido. O grafite é raiz de gengibre, é filtro de cigarro, é goma de jornal com papel timbrado e roxo. O grafite é madeira, é floresta, é babado, borda, eira e beira. O grafite é pedra-sabão-espuma-neve-algodão e caspa! O grafite é pipoca, o grafite é country, é shopping e marcação. O grafite é grafita, é clichê, é bola, é chiclê-de-bola, é arroz, frango, fafora, farinha, feijão, filosofia e aliteração. O grafite é hippie, o grafite é José de Alencar, o grafite não é José Alencar (esse aí é tinta e impressão à laser na capa e na primeira folha da semana). O grafite é idéia, soco, boca, dente e chão nas mãos de quem quer fazer manifestação. O grafite é signo, é significante, é símbolo, não é significado (só se for grafite fora do papel). O grafite é grafite, e é, sem deixar de ser grafite, o que quiser ser.